O Festival

O nome Transatlântico foi escolhido por ter uma simbologia verbal e metafórica que representa não apenas o povo brasileiro, oriundo de terras do outro lado do Atlântico, como Europa e África, mas também por traduzir a ideia de desbravar e explorar novos territórios.

Salvador, a primeira capital do Brasil, é uma cidade portuária banhada pelo Oceano Atlântico. Das correntes marítimas vieram parte de nossa identidade cultural, nossa língua, nossa cor e nossa fé.

Nesta segunda edição, propomos um continuo diálogo sobre esse “Homem Transatlântico”. Em “Ex Mundus Novus”, ensaio do fotografo Americano Alex Webb sobre suas muitas andanças pelos paises ao longo dos paises meridionais. Imagens em perspectiva quase sempre em grande angular, ricas em movimento e côr, são uma referência da sintese imaginaria da fotografia de rua.

No ensaio “Jardins do éden”, do fotografo Christian Cravo, Uma clareza de gestos caracteriza a narrativa que conduz as fotografias do Haiti de Christian Cravo. Procede do que ele considera como a função social da arte inerente a prática sincrética do Vodu haitiano e a sua conexão ancestral com os espíritos e a terra da África. Completamente absorto na atenção à forma e o conteúdo que este tipo de observação exige no contexto do Haiti, uma ilha violentada pelos traumas geológicos que a formaram.

Cravo considera seu contínuo trabalho um objeto de arte, um esforço visual e não antropológico. No processo ele articula os sujeitos destas imagens intensamente atraentes como ícones, em tamanho full-frame e ricos em conteúdo.

Nas imagens da inglesa, radicada no Brasil há cinco decadas, Maureen Bissiliat, um reencontro se faz com o sertão. Entre 1967 e 1972, a fotógrafa percorreu o Nordeste brasileiro, principalmente Ceará, Alagoas e Bahia, registrando suas paisagens, festejos, habitantes, Maureen conseguiu capturar, em imagens, os contrastes e a beleza de um mundo rude e forte. Tal qual Euclides da Cunha fizera com palavras, décadas antes, em Os sertões, obra que constrói um retrato do país a partir da sangrenta Guerra de Canudos, ocorrida no sertão baiano entre 1896 e 1897. O casamento entre o olhar da fotógrafa e os trechos do relato clássico de Euclides é o livro Sertões: luz
& trevas, publicado originalmente em 1982, ganha agora novas paginas na revista “Transatlântico”.

Em outro dialogo, transcorremos o trabalho de Hirosuke Kitamura. Japonês radicado na Bahia há duas decadas. Nas palavras de laio bispo, sua imagens apresentam uma singular capacidade de acentuar determinados aspectos do cotidiano que, muitas vezes, tornam-se invisíveis aos nossos olhos. A temática deflagrada pelo artista não se encerra nos limites do ambiente ali exposto; seu olhar incide sob o que há de grave, torna perceptível outras realidades desnudando-as através das marcas do tempo e de sua inexorabilidade. Para além do observador-etnográfico, Hirosuke registra situações e pessoas que encarnam as mais intensas contradições; lugares e corpos que se situam na tensão entre paradoxos e que por isso tornam-se, de maneira muito particular, belos.

As culturas propostas são parte dessa infinidade atlântica que procuramos expor e, finalmente, redimir, num mundo cada vez mais intolerante e injusto.

O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.

Realização:

PT